A adoção de uma abordagem de Lean Management na logística de compras aumenta a transparência e aumenta as receitas.
O panorama geral: as origens da Lean Management
O termo “Lean Management” (gestão racionalizada) teve origem num estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) chamado “The Machine That Changed The World: The Story of Lean Production” (em trad. livre, A máquina que mudou o mundo: a história da produção racionalizada).
Nesse contexto, os cientistas analisaram todos os sistemas de produção presentes nos fabricantes de automóveis japoneses da altura, desenvolvidos com base no modelo Toyota Production System (TPS). O próprio TPS foi criado na década de 1950 como resultado de uma crise na Toyota, provocada pela expectativa dos mercados de receber uma maior variedade de veículos em pequenos volumes. Nesse sentido, dois engenheiros da Toyota combinaram as vantagens da produção em massa (velocidade, baixos custos unitários) com as da produção manual (flexibilidade e alta qualidade) e conceberam um novo conceito de produção com esta base, chamado “lean”. No fundo, foi possível desenvolver uma grande produtividade, elevados padrões de qualidade e a capacidade de adaptação flexível para satisfazer as necessidades dos clientes em constante mudança.
Os elementos da Lean Production têm vindo a comprovar o seu valor até hoje e são sinónimo de um fluxo de materiais eficiente e moderno na produção industrial.
Os conceitos relevantes da Lean Production estão agora também firmemente ancorados na cultura de muitas empresas. O Muda fala sobre evitar atividades que não acrescentam valor, o Muri fala sobre não sobrelotar/sobrecarregar equipamentos e operadores, e o Mura fala sobre evitar irregularidades.

Muda
Atividades que não acrescentam valor e que consomem espaço, esforço/dinheiro ou tempo sem aumentar o valor do produto.
O Muda distingue entre sete tipos de desperdício:
1. O transporte é fundamentalmente um processo auxiliar porque as peças de trabalho, o material e as ferramentas devem inevitavelmente ser transportadas por todo o departamento de produção.
2. Inventário sob a forma de material ou produtos intermédios ou acabados. O inventário encobre problemas na produção, visto que se supõe que sua existência se destina a compensar a fiabilidade da entrega inadequada, altas taxas de rejeição, processos mal coordenados ou falhas de máquinas.
3. O movimento ao executar processos, como manipulação desnecessária, pesquisa ou tempo gasto na obtenção de material e ferramentas de áreas afastadas da estação de trabalho. Isto acontece porque a estação de trabalho tem um design ineficiente e pode provocar defeitos de qualidade ou mesmo acidentes de trabalho.
4. Tempo desperdiçado à espera, no sentido de haver tempos mortos e de inatividade em que nenhum valor é acrescentado.
5. Excesso de produção, no sentido em que há mais produto do que o pedido pelo cliente.
6. Etapas de processamento desnecessárias, ou seja, processos ou tecnologia que são desnecessariamente complexos para produzir o produto final.
7. Defeitos, visto que podem anular o valor acrescentado ao produto até agora e exigir recursos para possíveis novos trabalhos que, de outra forma, não seriam necessários.
Muri
O Muri significa sobrelotar/sobrecarregar pessoas e máquinas para além do limite natural. Isto resulta num mau ambiente profissional, problemas de qualidade e acidentes ou sobrecarga mecânica e falhas na máquina.
Mura
O Mura descreve a utilização irregular de pessoas e máquinas. Isto é causado por planos de produção irregulares devido a flutuações nas vendas, tempos de processo ou tarefas de trabalho variáveis ou volumes de produção flutuantes, devido a tempos de inatividade das máquina e peças em falta.
Note que o Mura é o que provoca o Muda e o Muri: não há atividades suficientes criadas que acrescentem valor (Muda) se as máquinas, os colaboradores e os materiais estiverem à mão apesar da baixa utilização da capacidade, enquanto que uma utilização de capacidade superior à média levará à sobrelotação/sobrecarga (Muri).
Especialmente do ponto de vista do Muda, e considerando a movimentação na execução de processos e especificamente a necessidade de evitar a manipulação, pesquisa e tempo gasto desnecessário na obtenção de material e ferramentas, é claro que oMaverick Buyingsabota a Lean Management, o que significa que deve ser evitado sem falhas.
A razão pela qual a eficiência deve começar na bancada de trabalho

Há uma opção inicial para ultrapassar estas questões que se chamametodologia 5S, que ajuda a projetar estações de trabalho de forma a eliminar o desperdício. O benefício disto é ter uma maior eficiência. Além disso, este método fornece uma visão geral clara e garante uma estação de trabalho ordenada, e promove o uso de rotinas de trabalho definidas.
Esta abordagem garante a reprodutibilidade dos processos e ainda a melhoria da qualidade. Os colaboradores ficam menos stressados porque não precisam de andar à procura das ferramentas. Os seus colaboradores ficam motivados para continuar a otimizar o ambiente profissional de forma individual e a beneficiar do potencial criativo que é desencadeado. As estações de trabalho estruturadas, seguras e ergonómicas também reduzem os tempos de inatividade.
Contexto: Não é de espantar que a metodologia 5S venha também do Japão. A ideia é adotar uma abordagem sistemática de conceção de ambientes profissionais, para que os trabalhadores se possam concentrar em atividades que acrescentam valor ao mesmo tempo que eliminam desperdícios, tal como diz o Muda.
Como podem cinco princípios simples ajudar a acrescentar mais valor:
Motive os seus colaboradores a pôr estes princípios em prática no seu quotidiano profissional. Dê um bom exemplo como Diretor Administrativo, responsável de compras e técnico profissional.
Tenha a coragem de selecionar apenas o essencial. Os colaboradores que eliminem qualquer coisa desnecessária abrem caminho para a eficiência e a criatividade. Quais as ferramentas que existem em duplicado? Quais delas já não podem mais ser utilizadas ou já estão muito desgastadas? Verifique também se na bancada de trabalho há coisas que não deveriam estar lá, como revistas.
Classifique tudo o que há na sua área de trabalho e crie um nível básico de organização. Dispense equipamentos que raramente usa. Vale a pena pensar na organização das coisas na bancada de trabalho: quais são as coisa que precisa constantemente, de hora a hora, diariamente ou apenas semanalmente ou até mensalmente? Crie um sítio específico para cada coisa para que seja possível de encontrar a qualquer momento e por qualquer pessoa.
Mantenha as coisas limpas. Em muitos casos, só esta parte já é metade do caminho. Determine quais os ciclos de limpeza necessários e registe-os. Manter uma bancada limpa e arrumada traz muitos benefícios. Quaisquer defeitos identificados nas ferramentas são imediatamente retificados com a sua limpeza ou substituição. Desta forma, também pode deixar uma impressão positiva nas visitas dos clientes.
Crie padrões. Registe os resultados da metodologia 5S e use-os para criar padrões que possam ser usados em todas as modalidades técnicas. As auditorias regulares e os planos de ação facilitarão a introdução e o estabelecimento destes padrões.
Motive a sua equipa a manter-se disciplinada e a verificar regularmente se os padrões estão a ser cumpridos por todos os trabalhadores. Para isso, defina ciclos e agende dias para a monitorização. Isto permitirá que melhore gradualmente as estações de trabalho de produção em toda a empresa.


